sábado, 28 de maio de 2011

O Silêncio

                  
                       (1799-1801 de Füssli) – Suiça
                  Representante do Romantismo Inglês



O Silêncio !


O dia é como a noite,

E na escuridão da rua,

A lua passeia nua,

Na solidão que se avizinha,

Cansada...

De acompanhada, andar sozinha.

E risos viraram choro,

Na platéia do mundo,

No picadeiro em côro

Palhaços pedem socorro!

Do lado de fora da vida,

Em volta de um corpo encurvado,

No silêncio dos rejeitados, dos esfomeados,

Dos esfarrapados,dos injustiçados,

O recomeço.

A lua passeia nua,

Na solidão que se avizinha,

Cansada...

De acompanhada, andar sozinha.

Testemunha de amores e desamores,

De beijos roubados e corpos assassinados.

Sente pena daquele que enxerga e não vê,

Vestida de trapos,

A realidade crua,

Sonho em farrapos,

De quem vive na rua!

E no princípio do prólogo,

Um murmúrio, um monólogo

De uma mente demente

Que procura e encontra,

O beijo molhado,

Que a boca já sente,

Corpos sedentos se unem e separam,

Num último lampejo,

De puro desejo!

Sanidade é loucura,

No grito alucinado,

No gesto de doçura,

No perfume do jasmim,

No dia que se fez noite,

Silêncio, enfim!

sábado, 21 de maio de 2011

Os três lados de um triângulo

Thomas e Elise se conheceram na faculdade quando ambos cursavam Administração, ficaram por um bom tempo, nenhum citava possibilidade de compromisso, mas firmaram namoro depois da festa dos “bichos” em março de 2008 e não tardou para irem morar juntos. Alugaram um apartamento de um quarto no residencial Bella Vista por ficar próximo a Fidene, como os dois trabalhavam, dava pra rachar as despesas. Levavam uma vida tranqüila, embora jovens, ele com 23 anos e ela com 21, eram independentes da família, Thomas trabalhava como programador na SS Informática, um emprego bem remunerado, e Elise era vendedora na Radiolar, o salário não era lá essas coisas, mas a comissão valia a pena. Saíam na balada com freqüência, o point preferido era o Absoluto Long Bar, ficava na esquina da Rua do Comércio com a São Francisco, em diagonal à Fidene, um lugar que proporcionava dois ambientes, música ao vivo, normalmente pagode e sertanejo universitário, e boate com música eletrônica, uma vez que outra traziam uma banda ou um vocalista de nome. Thomas de vez em quando dava algum sinal de ciúmes por causa dos olhares voltados a Elise que normalmente usava roupas bem provocantes, calça colada revelando suas lindas curvas e decotes profundos, impossível não ser notada, mas era só Elise dar uns beijos e ficar pendurada no namorido ( uma mistura de namorado com marido) que ele logo se sentia orgulhoso por ter ao seu lado uma garota tão bonita que causava inveja aos outros.


Thomas se comunicava com a família via internet, através do MSN e e-mails, pois eram do Paraná, família conservadora de costumes tradicionais, cristãos protestantes da Igreja Luterana. Quando Thomas veio pro sul estudar, prometeu que uma das primeiras coisas que faria seria tornar-se membro de uma congregação luterana por aqui e que não deixaria de participar dos cultos, seus pais se informaram sobre as igrejas existentes em Ijuí e ficaram mais descansados ao saber que aqui os luteranos são bem representados. Mas depois de estar longe dos pais acabou por se ocupar demais com o trabalho e estudos deixando de cumprir o combinado, porém nunca deixara de lado sua doutrina cristã. Como fazia muito tempo que não se viam, pois quando ele estava de férias das aulas não pôde se ausentar do trabalho, seu irmão resolveu vir visitá-lo, para matar a saudade e verificar, a mando dos pais, como estava vivendo Thomas por aqui. Ainda não sabiam eles que o filho havia se juntado com uma mulher, pois essa atitude era totalmente desaprovada, para tal ação o casamento era indispensável, por isso Thomas preferiu não mencionar e teria de convencer o irmão a guardar segredo sobre isso. Contou a Elise que receberiam visita, e pediu-lhe para ser gentil e amorosa com o irmão Daniel, pois precisariam tê-lo do seu lado para manter sigilo sobre a condição conjugal dos dois. Elise aceitou, mas logo foi dizendo que queria ver essa situação resolvida pois sua mãe lhe ensinara que mentira tem perna curta e essa poderia lhes trazer muito incomodo. Ele concordou com ela, também ele sentia-se mal com a omissão dos fatos, mas agia assim para não magoar os pais.

Em outubro, no período da ExpoIjuí/Fenadi, toda a cidade se concentra no Parque Wanderley Burmann, é a segunda maior feira de exposições do RS, recebendo expositores do Brasil e exterior, e a loja em que Elise trabalhava colocou um estander para expor os lançamentos em moveis da região, Elise foi escalada para trabalhar lá durante a feira. Exatamente neste período Daniel chegou à cidade para rever o irmão, chegando à rodoviária, logo deslocou-se pelas ruas principais e deparou-se com uma cidade quase deserta, a princípio ficou surpreso pois tinha outras informações sobre Ijuí, mas logo visualizou um banner anunciando a ExpoIjuí e comemorou ter escolhido tão conveniente data para fazer a visita, considerando que era solteiro e conhecia a fama de beleza das mulheres gauchas. Dirigiu-se imediatamente à SS Informática cujo endereço o irmão tinha lhe fornecido, chegando lá foi informado que Thomas estava numa cidade vizinha dando assistência a um importante cliente, lamentoso Daniel saiu, pediu que não mencionassem sua estada ali, e meio sem saber o que fazer já próximo da prefeitura viu um grande grupo de pessoas embarcando no ônibus da medianeira que coincidentemente iria ao parque, nem pensou duas vezes, subiu no ônibus e se foi.

Chegando à Expo, ficou maravilhado com a exuberância do lugar, criado dentro da cultura alemã, ficou parado por alguns instantes em frente ao Centro Cultural 25 de Julho analisando a grande estrutura e os tão bem acabados trajes típicos alemães vestidos pelos integrantes do grupo de dança, foi andando, observando as demais casas típicas deslumbrado com tanta criatividade e valorização da cultura. No Palco das Etnias mais uma parada para admirar as apresentações dos grupos de dança, ainda apresentavam os italianos, depois os holandeses e por fim os árabes. Oh quanta beleza e sensualidade ele viu naquelas mulheres dançando com roupas esvoaçantes e transparentes, tipicamente odaliscas das arábias.

Daniel não viu o tempo passar, mas com tanta coisa para olhar nem estava preocupado com o correr das horas. Andou pelo parque admirando cada detalhe, então entrou em um dos pavilhões para ver as exposições, e logo se deparou com a mulher mais linda que já vira em sua frente, pele branca, cabelos longos e escuros, corpo de sereia e a delicadeza de uma flor, ficou por um tempo observando-a só de longe até encorajar-se e aproximar-se fazendo de conta que observava os móveis. Imediatamente Elise aproximou-se cumprimentou-o e logo foi falando sobre a qualidade dos móveis, Daniel estático ficou a ouvi-la e ao mesmo tempo não piscava os olhos admirando cada movimento dela, como de boba ela não tinha nada logo percebeu qual era o real interesse do rapaz, disse que ele ficasse a vontade observando e que ela precisava atender as outras pessoas também, nesse momento ele.

- Obrigado por sua atenção, és muito gentil, adorei os produtos, mas muito mais a atendente!

Elise apenas sorriu e dirigiu sua atenção a uma senhora séria e impaciente que aguardava atendimento.

Daniel se retirou de vagar, nada mais por ali lhe era tão encantador quanto aquela moça que nem se quer sabia o nome. Já passavam das 18 horas, saiu do parque, embarcou no ônibus e voltou ao centro da cidade, na praça pegou um taxi e pediu para que lhe levasse até o Residencial Bella Vista. Lá chegando pediu que o porteiro avisasse a Thomas que seu irmão estava ali, questão de segundos aparece Thomas na entrada do condomínio, ofegante e com olhos arregalados de surpresa, abraçou o irmão que não via a mais de dois anos e logo o convidou para entrar. Daniel tomou um demorado banho pensando no semblante daquela que lhe encantou, agora mais ciente da realidade chegou a concluir que aquele rosto não era estranho, mas o irmão já lhe chamava para comer algo e conversarem sobre tantas coisas. Durante o lanche Thomas contou sobre Elise, Daniel imediatamente desaprovou, disse que magoaria demais os pais com tal atitude, e por isso mesmo que Thomas lhe pediu segredo, até pelo menos terminar a faculdade, depois voltaria para casa e levaria Elise apenas como namorada. O irmão prometeu pensar, mas por ora queria aproveitar os momentos ao lado do irmão.

Os pavilhões de exposição encerram as atividades às 22 horas e já passava das 23 horas quando os dois irmãos ouvem mexer a fechadura da porta, Elise adentra em casa cansada do dia de trabalho e depara-se com aquele que a deixara sem graça à tarde, sentado ao lado de Thomas. Daniel fica pálido e Thomas trata logo de apresentar o irmão a sua amada. Feita a apresentação, silêncio, Elise sorriu e perguntou o que havia pra comer, na ânsia de quebrar aquele horrendo clima que se instaurou. Foi então Elise para a cozinha preparar um prato rápido para os três e nada foi mencionado sobre eles terem se visto antes. Jantaram e foram assistir TV, ao mesmo tempo conversavam sobre o que Daniel faria enquanto estava por ali considerando que Thomas e Elise trabalhavam. A idéia de passar o dia na Expo partiu de Thomas.

- Aproveita a feira! Elise tem duas folgas durante o período que fica lá, vocês podem fazer companhia um ao outro.

Daniel adorou a idéia, Elise disse que seria bom. Thomas só pensava no irmão não contar aos pais que estava morando junto com uma mulher.

E assim foi feito, Daniel passava o dia no parque admirando Elise que durante os passeios e conversas que teve com ele passou a vê-lo de uma forma diferente. A expo acabou e Daniel resolveu ir embora, antes de partir prometeu que não contaria nada aos pais, mas que logo retornaria para mais uma visita. Ele e Elise trocaram telefone e endereço de MSN para se comunicarem. No outro dia Daniel partiu.

Em dois dias não podia agüentar a saudade de Elise, ficava de plantão no MSN esperando ela aceitar seu convite, e naquela noite foi o que aconteceu. Perguntou se Thomas estava por perto e na negativa, imediatamente Daniel revelou estar apaixonado, a resposta dela foi apenas ................. ele falou que faria qualquer coisa por ela e não conseguia pensar em outra coisa. Elise então disse.

- E teu irmão? Você não pensa nele? Eu sou praticamente esposa dele, já estamos dois anos juntos e nos curtimos demais.

- Não me interessa, agora estou pensando em mim, não consigo pensar nele. Ele sempre teve o que quis, saiu de casa, aproveitou a vida e eu mesmo mais velho que ele ainda estou aqui esperando minha oportunidade.

- Não posso negar que você despertou minha atenção Daniel, depois da tua visita minha vida mudou, me sinto diferente, mas daí a deixar do Thomas é um caminho longo.

- Em vou te esperar no fim deste caminho.

As conversas dos dois sempre eram longas e Thomas nunca se interessou em saber, apenas recomendava a Elise que pedisse a Daniel segredo sobre o romance deles aos pais.

As conversas eram diárias e sem muita demora começou a esquentar os assuntos dos dois, falas sobre desejo, beijos demorados, tesão, foi só o começo. Passou-se algumas semanas e Daniel comunicou ao irmão que convenceu os pais a bancar uma faculdade, nunca foi muito de estudo, mas agora queria cursar engenharia civil e faria vestibular de verão na Unijuí. Thomas ficou muito feliz, não imaginava ele o que lhe aguardava.

Após dois dias chega Daniel de mudança, Thomas já havia escolhido um apartamento semelhante ao seu no condomínio, só ficava em outro bloco. Depois de instalado os irmãos e Elise saíram pra comemorar, foram na quartaneja no Absoluto, beberam todas e riram muito, Daniel e Elise trocavam olhares quentes, desejavam estar a sós naquele momento. Na sexta feira Elise teria uma folga para tirar, mas não falou nada a Thomas que andava muito atarefando no trabalho, mas para Daniel ela contou. Disse então ele que esperava a visita dela no seu Ap. Pela manhã ela se arrumou como era habitual antes de ir trabalhar, Thomas saiu primeiro como sempre e ela logo após se dirigiu ao apartamento de Daniel. Bateu levemente na porta e instantaneamente esta se abriu, parado em pé com um largo sorriso estava Daniel, Elise entrou fechou a porta e escorou-se nela, Daniel se aproximou e sem falar nada beijou-a ardentemente, já não sabiam mais onde terminava um e começava o outro, pareciam um só. Tiveram um dia inteiro de amor, Elise não poderia deixar de comparar ambos os irmãos e concluir qual era sua preferência. Dia após dia encontravam uma forma de se encontrar, nem que fosse para trocar um beijo. Quando Thomas e Elise saíam, Daniel estava sempre junto, ela não pensava mais em pudor, a traição já era normal para ela, podia perfeitamente fazer os dois felizes, cada um a seu modo. Mas a vontade de estar com Daniel aumentava de acordo com o passar dos dias e as caricias de Thomas já não lhes satisfaziam mais. Sabia que em algum momento tudo iria mudar, pois nada dura para sempre, porém a idéia de magoar Thomas lhe perturbava. Então começo a mudar lentamente seu comportamento, reclamava da desordem da casa, do excesso de roupas sujas pra lavar, do pouco dinheiro que não lhe permitiam um conforto maior, tudo que na verdade não incomodava, mas para irritar Thomas ela dizia que sim. Fez de conta que esqueceu datas importantes, já não queria sair mais e o sexo também diminuir, pois toda noite arrumava uma briga para dormirem sem se falar. Thomas chegou a comentar com Daniel sobre a situação, chegou a insinuar que Daniel interviesse, o irmão ficou surpreso, não sabia de nada, ficou por isso mesmo. Daniel perguntou a Elise o que estava acontecendo e ela não quis falar, disse que era coisa dela, ele não insistiu, não podia perder um momento se quer com ela.

No dia seguinte Elise precisou fazer um serviço de banco para a loja, ao passar na praça em meio ao movimento uma cigana interpôs-se a sua frente e disse:

- Você precisa se decidir, a felicidade não é para todos, mas a males que vem para o bem.

- Do que você está falando? Nem me conhece!

- Me deixe ler tua mão e te mostro que sei muito mais do que imagina.

- Estou sem dinheiro hoje, tenho no máximo cinco reais na carteira.

- Me basta, quero apenas dar uma solução para teu problema.

Elise estendeu a mão, a cigana pegou-a com delicadeza, sua mão fina com longas unhas vermelhas contrastava com o rosto judiado, mas Elise concentrou-se nas palavras da cigana.

- Decida-se entre um ou outro dos homens com quem você se deita, ambos são merecedores do teu amor, mas só um vai te fazer feliz. Num triangulo de amor um sempre vai sofrer, não é possível evitar. Não tarde a escolher um deles, conseqüências sempre há, é o preço que se paga pela traição, mas se tomar atitude agora um mal maior pode ser evitado.

Elise puxou a mão rapidamente, deu os cinco reais à mulher e seguiu até o banco. Durante a noite e os dias seguintes só pensava nisso, contou a Daniel, que riu dela, disse que não acreditava nessas crendices e que embora a cigana tivesse acertado alguma coisa não poderia ser considerado na totalidade as suas palavras. Elise silenciou, apenas abraçou Daniel e disse que faria sua escolha, que pensaria nela apenas.

Daniel ficou apreensivo pensando que Elise pudesse desistir dele, chegou a ficar tenso e naquela noite não dormiu. Chegou o fim de semana e sábado no fim da tarde como era de costume os três se reuniam para decidir o que fazer de noite. O casal normalmente ia até o apartamento de Daniel, mas naquele sábado não apareceram. Passava um pouco das 19 horas quando Daniel recebe uma mensagem no celular, era de Thomas. “ Vem agora aqui em casa, vem já, não se demore preciso falar com você.” Daniel ficou aliviado, colocou sapatos e foi, encontraria o irmão como todo o sábado faziam. Chegando no AP. Thomas logo o convida para entrar e sentar. Daniel prontamente pergunta de Elise e Thomas responde que saiu, seguidamente questiona o irmão:

- O que nossos pais fariam se perdessem um filho?

Daniel ficou mudo por um instante, passou mil coisas em sua cabeça, deu com os ombros e disse não saber. Neste instante uma batida forte na porta, Thomas abre assustado e entra porta adentro três brigadianos bem armados, empurram Thomas contra a parede e perguntam por Elise, Thomas diz que ela não está, enquanto um brigadiano fica na sala apontando uma arma no rosto de Thomas os outros dois saem vasculhando a casa. Daniel fica imóvel, apavorado com a situação, os policiais deparando-se com a porta do quarto trancada, imediatamente arrombam a porta e encontram Elise caída no chão desmaiada com inúmeros ferimentos e muito sangue ao seu redor. Os policiais chamam a ambulância do SAMU salvar para socorrer a vítima e anunciam voz de prisão a Thomas por agressão e tentativa de homicídio. Daniel nem vê quando algemam o irmão e o levam dali, está aos prantos próximo à Elise enquanto ela recebe os primeiros socorros ali mesmo. Quando Thomas chegou em casa do trabalho sábado de meio dia, Elise chamou-o para uma conversa séria, contou do seu amor pelo irmão, que estavam se encontrando a algum tempo e que decidiu ficar com ele, que a partir daquele momento estavam separados, Thomas num ato de fúria começou a espancar Elise incessantemente, quando ela não agüentava mais ele parava, esperava por alguns instantes até que ela reagisse e começava outra vez, assim passou a tarde, depois, com uma faca, desferiu vários cortes por todo o corpo dela, arrastou-a até o quarto e lá a trancou para que morresse. Ela na ânsia de sobreviver conseguiu pegar o telefone em sua bolsa e ligou para o 190, murmurando, quase sem força deu as informações necessárias para que a polícia chegasse até ali, depois desmaiou.

Já no hospital, socorrida e medicada, Elise vai para o quarto onde Daniel está a sua espera, ela sob fortes sedativos dorme profundamente. Daniel observa-a ainda com imensa dor por ter quase perdido seu amor, nem precisava saber o que aconteceu exatamente, mas sabia que Elise escolheu ficar com ele. O que aconteceria com o irmão depois que saísse da cadeia não importava, nem se o considerasse um fura olho, assim que Elise estivesse em condições levá-la-ia para junto de sua família no Paraná como sua namorada pois lá Thomas não poderia fazer nada de mal a ela. Daniel pensando em tudo o que acontecera nos últimos tempos, lembra de uma citação que ouviu em algum momento, que “há muitas coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia”.



Fim

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A união das linguagens auditiva, visual e verbal...




      Ah, a solidão! Muitas vezes um tormento, mas às vezes um alívio.

Aprender fica mais fácil quando se brinca com as palavras

Liberto das imposições das normas gramaticais, o escritor criativo brinca com as palavras. A produção literária voltada à criança possibilita a manifestação da oralidade na construção da história, permitindo assim a brincadeira com a linguagem. Antes mesmo de adentrar o espaço escolar, a criança costuma ouvir e contar histórias, pois a narrativa oral frequentemente participa de sua vida familiar. Com isso ela operacionaliza sentimentos como dor, medo, angústia, tristeza e alegria. A criança ao entrar em contato com o livro encontra um espaço repleto de possibilidades lúdicas. O livro infantil está carregado de elementos plurissignificativos: palavras, sons e imagens, e brincando com as palavras, por meio de jogos sonoros, ditos populares, trava-línguas, poesias, trocadilhos, par lendas e adivinhas, bem como o universo folclórico e fantástico, possibilita que a criança se insira no mundo da escrita e da leitura de forma lúdica e prazerosa.
O imaginário infantil é muito rico. Brincar com as palavras, ler histórias, contos de fadas, desperta nelas as mais incríveis fantasias. É através delas que os pequenos se relacionam com o mundo ao redor. São heróis, princesas, fadas e príncipes. Nesses momentos em que o coração quase para quando os seres do mal atacam, eles vão aos poucos aprendendo a lidar com os próprios medos, com suas ansiedades e expectativas do que ainda está por acontecer.
Nas séries iniciais da para trabalhar inúmeras atividades relacionadas a poesia, da para trabalhar rimas de forma que "continue a frase"... , da para contar uma poesia pedir que a turma faça um desenho colorido, colar em cima de uma cartolina e recortar formando um quebra-cabeça, e isso é lúdico e prazeroso.
A criança traz na sua essência a curiosidade. Quando ela desperta para saber os por quês das coisas, se inicia uma nova fase da linguagem e da palavra. É quando ela começa a ter um vocabulário próprio, de acordo com aquilo que ela entendeu.
Nas séries iniciais é fácil despertar o interesse das crianças.
Como num passe de mágica as palavras se tornam amigas, numa brincadeira gostosa.
- Bom Dia!
- Bom Dia, como vai tua tia?
- Não muito bem, caiu e quebrou a bacia.
- Mas nem parecia de tanto que ria...
E assim entre risos e gritos de euforia, gargalhadas eu diria,
A imaginação cria asas e a rima passeia entre as casas,
Procurando curiosa...
Onde estão escondidas, as palavras.
A poesia nas séries iniciais pode ser introduzida através de uma simples brincadeira de rima. O importante é não impor condições, deixar que as crianças se deixem levar pelo prazer de rir e brincar e no final mostrar a eles a sua “obra prima”. O educador deve fazer com que sintam um pouco poetas, despertar em seu ego a satisfação de ter ajudado a compor uma poesia. Isso também ajudará para que eles compreendam o espírito da coletividade, do trabalho em grupo, em equipe. Quem sabe um desses nossos pequenos aprendizes, não será um escritor criativo do futuro?
É através de uma história que se pode descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, outra ética, outra ótica... É ficar sabendo história, filosofia, direito, política, sociologia, antropologia, etc. sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula (ABRAMOVICH, 1997, p.17)
Como podemos perceber, não só as crianças aprendem brincando com as palavras. Adolescentes, jovens, adultos e idosos podem descobrir essa magia de viajar e conhecer sem precisar sair do lugar. E o mais importante: se divertir muito!